(Do site ANASTACIO NOTÍCIAS)
Posto & Postura
Vou contar uma história,
Um fato inusitado.
Mas... Aconteceu comigo,
Vou deixá-lo registrado.
Para que todos entendam,
A origem do pecado.
Estava em um estabelecimento,
Com uma viatura oficial.
Abasteci com cartão,
Um procedimento normal.
Coloquei cinquenta e dois litros,
Encheu o tanque, afinal...
Após esse procedimento,
Já pronto pra viajar.
O percurso era longe,
Tinha que me preparar.
Apoderei de uma garrafa,
Água fria fui pegar.
Tamanha minha surpresa,
A resposta do frentista.
Temos gelo pra vender,
Para o amigo motorista!
Quando eu quis ponderar...
"Eu sou um simples frentista!"
Concordei com o rapaz,
Perguntei pelo gerente?
É aquele moço ali,
Que está um pouco à frente!
Agradeci o rapaz,
Fui a ele imediatamente!
Já cheguei argumentando,
Pois iria viajar.
E sendo a viagem longa,
Água teria que levar.
Por ter abastecido a viatura,
Não achava justo comprar.
Onde fica o bebedouro?
Perguntei ao senhor gerente.
Ele disse: mandei tirar!
Argumentou incontinente,
E continuou justificando:
"Para não dá água a indigente!"
Ao ouvir seus argumentos,
Não pude ficar calado.
Mas... Negar água a um ser humano,
Deixou-me perplexo e revoltado.
Talvez ele seja mendigo,
Por chances terem lhe negado!
Ele até concordou,
Mas continuaram seus argumentos.
O problema não é meu:
"Não os quero aqui dentro,
Pois são pessoas imundas.
São como cães rabugentos!"
Diante dos meus argumentos,
O homem apenas falou:
Sempre pago meus impostos,
Não ajudo não senhor!
É problema do governo,
"Abrigo a lixo não dou!"
Fiquei triste pensativo,
Fazendo uma reflexão.
E devolvi a resposta,
Com certa indignação.
Talvez hoje eles sejam lixos,
Por ninguém ter dado a mão.
Como o cara era tinhoso,
Continuou a falar:
Pois se dependerem de eu,
Lixos... Vão Continuar!
Pois nem água dou a eles,
Muito menos ajudar.
Diante dessa história,
Façamos uma reflexão!
Viramos mercadorias,
Nas gôndolas e... Na seção.
Valemos quanto pesamos,
Pobre vale nada não!
Saí triste indignado,
Com a garrafa vazia.
Como pode o ser humano.
Ser arrogante e... Mente vazia.
Esquece que a vida é...
Estrada de duas vias...
Peço desculpa ao freguês
Por não ter água gelada!
Não precisa se desculpar,
Comprei na loja errada!
Senhor fez-me um mendigo,
Continuo a caminhada.
Apenas quero informar:
Aqui eu não volto mais!
Quem não ajuda mendigo,
Novos mendigos... Faz!
Homem sem cidadania,
Não sabe pra onde vai.
Retirei do ambiente,
Pois ali não me cabia.
Para abastecer o carro,
O mendigo contribuía.
Mas... Transitar pelo recinto,
Pobre homem não podia!
E é nesse ambiente
Agindo dessa maneira
Que estamos contribuindo
Para subir a ladeira
A vida humana vale...
Menos que água gelada na geladeira.
Parei de argumentar
Para não ficar com azia
Percebi que tem pessoas
Que... È casca e hipocrisia
Vou rezar pelo gerente...
Que virão melhores dias!
Se o nosso Criador,
Voltar como mendigo!
Vai ficar perambulando,
Sem ninguém lhe dá abrigo.
Se ele for ao tal posto,
A vida corre perigo.
Poema: Valdemir Gomes dos Santos
21/02/09
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